A comida da sua mãe, aquele prato que você pede toda vez que vai ao seu restaurante favorito, uma refeição que te lembra da sua cidade natal. A gastronomia afetiva é um movimento gastronômico que vem ganhando força nos últimos anos. Nostalgia e afeto fazem com que a “comfort food” seja tão especial: é uma maneira de voltar no tempo, parar no tempo ou apenas apreciar o tempo. 

O objetivo da “comida afetiva” é sentir prazer, conforto ou alívio emocional. Os alimentos podem ser associados a um grupo de pessoas ou a um tempo significativo da vida, um lugar ou momento em específico. Eles também podem servir como alívio ou suprir uma dor emocional. Podem ser convenientes e práticos, sem modo de preparo elaborado, e ter vida útil prolongada, garantindo, assim, outro tipo de conforto. Eles também podem proporcionar prazer físico por meio de texturas, composição e temperatura, que melhoram o estado emocional e físico.

Comfort food é uma maneira de unir algo cultural a um conceito biológico, que tem a ver com um contexto social e experiências significativas. E, apesar de não ser uma novidade, ganhou muita força depois dos anos 2000.

Comer realmente nunca foi somente sobre se alimentar. Esse ato possui significados que vão além da satisfação fisiológica do corpo. Pode ser um jeito de tornar um momento compartilhado mais significativo, servir de apoio durante um momento difícil, remeter a boas memórias, bons lugares e boas pessoas ou combater a sensação de confinamento social e solidão.

A gastronomia afetiva pode não ter uma carinha, apesar de ser associada à culinária caseira, principalmente preparada por pessoas especiais. É o caso da ocasião em que você volta para a casa da sua mãe ou vai visitar seus avós, e eles preparam uma refeição que você há tempos não comia, mas sempre gostou muito. 

A comida afetiva também pode ser aquele delivery de uma noite solitária quando você quer terminar uma série que estava vendo há tempos, como se fosse um momento especial que merece ser comemorado. Pode ser uma comida preparada rapidamente quando você está sem tempo, mas precisa parar pra fazer a primeira refeição do dia. Ou talvez uma comida instantânea que você sempre adorou, mas não costuma comer porque acha muito calórica.

Ela pode significar uma refeição que você prepara em conjunto com seus amigos, um doce que você guardou ansiosamente para comer depois do almoço ou um café daquela sua cafeteria favorita. Gastronomia afetiva, em sua completude, é uma forma de encontrar conforto no que era para ser uma necessidade fisiológica simples. É um jeito de ressignificar a comida para algo mais do que apenas um alimento, mas sim uma experiência.