ARCHITECTURE
Arquitetura viva: quando o bem-estar pauta o projeto
A biofilia deixou de ser uma tendência estética e se firmou como uma diretriz projetual na arquitetura contemporânea. O conceito, que parte da ideia de reconectar o ser humano à natureza dentro do ambiente construído, tem sido cada vez mais adotado por arquitetos e incorporadoras em projetos residenciais e comerciais.
A chamada arquitetura viva vai além da inserção de plantas nos espaços: envolve estratégias técnicas como o aproveitamento máximo da luz natural, ventilação cruzada eficiente, uso de materiais orgânicos e de baixa emissão de compostos voláteis, além da criação de ambientes sensoriais que estimulam visão, tato, olfato e audição.
Nesse contexto, o paisagismo ganha protagonismo: ele deixa de ser um complemento e passa a ser parte estruturante do projeto, atuando como elo entre arquitetura, natureza e experiência do usuário. Jardins integrados, espécies nativas, hortas, pátios internos, paredes verdes e até espelhos d’água têm sido incorporados com função térmica, estética e emocional. Assim como é o Ícaro casa térrea, com o paisagismo pensado por Ricardo Cardim e Alessandra Cardim, o objetivo foi proporcionar a experiência de um verdadeiro parque natural em casa com a recriação da natureza nativa.
Um exemplo emblemático dessa abordagem é o Bosco Verticale, em Milão. Projetado por Stefano Boeri, o edifício residencial abriga mais de 900 árvores e milhares de plantas distribuídas nas sacadas, atuando como barreira térmica, filtro de poluição e promotora de biodiversidade em pleno centro urbano. O projeto se tornou um marco global de como a vegetação pode ser incorporada à estrutura arquitetônica de forma inteligente e regenerativa.
Se estiver pela cidade, vale incluir no roteiro um walking tour pelo distrito Porta Nuova e pelo bairro Isola uma imersão em arquitetura biofílica aplicada, com direito a perspectivas incríveis do edifício e do urbanismo ao redor.