WELLNESS | 22/abril/2021
A hospitalidade é uma arte
Pratos dispostos com cuidado junto a talheres zelosamente alinhados esperam as alegrias que só são realmente possíveis quando a mesa está cercada de pessoas que falam, provam e gargalham em meio a goles – às vezes rápidos, às vezes profundos. Como pano de fundo, o lar, espaço reservado àqueles que compartilham com seus proprietários tamanho afeto que merecem mergulhar nesse universo tão íntimo.
Receber com excelência pode parecer uma tarefa complexa, mas as compensações são muito mais intensas e duradouras que qualquer exercício necessário para preparar uma boa acolhida. São muitas as fotografias, já amareladas pelo tempo, que mostram grandes e pequenas recepções em casas especialmente preparadas para isso. Quase se pode ouvir a música, sentir o cheiro, ver as cores da louça, da comida preparada com tanto esmero, dos tecidos que vestem pessoas e móveis. A verdade é que nossos avós eram muito mais experientes com esse tipo de situação social do que as gerações mais jovens. Enquanto a praticidade dos serviços on demand, tendência cada vez mais forte, tornou muito mais fácil o acesso à alta gastronomia sob medida, às peças de mesa perfeitamente combinadas e às bebidas mais exclusivas, por outro lado, levou para longe da realidade o prazer de preparar passo a passo os encontros caseiros com a família e os amigos. Mas ainda há tempo de resgatar as práticas dos melhores anfitriões. “Não existe receber mais sofisticado que o hand made. Tudo o que é feito em casa tem um outro tipo de apelo, porque oferece essa mensagem afetiva da receita de um assado da avó, um doce da tia, a filha que aprendeu a fazer um suflê da mãe. Essa junção de emoções e o novo luxo”, opina Marcos Soares, party designer com mais de 23 anos de experiência e fundador do MS At Home. Para ele, é preciso uma boa quantidade de emoção, uma pitada de planejamento e, principalmente, muita ousadia para preparar um bom evento em casa.
O cuidado com os ingredientes não reside necessariamente em sua escolha, mas, muitas vezes, está mais ligado à sua qualidade. Por exemplo, muito mais valem os alimentos orgânicos talvez até mesmo cultivados em uma horta pelas mãos do anfitrião, que os adquiridos naquele empório badalado. Não é preciso, também, oferecer o melhor champanhe. Muito mais interessante é servir um drink que o próprio anfitrião saiba preparar, acompanhado de um mix de pratos composto de forma intuitiva. “Quando você diz ‘olha, essa entrada minha mãe fazia quando eu era pequena’ ou ‘esse prato eu costumava comer na fazenda’, essas informações (de cunho emotivo) é que tornam única a experiência de receber em casa.”
A PORCELANA NUNCA USADA
Cristaleiras e outros móveis escolhidos para guardar jogos de pratos, conjuntos de taças e outras louças selecionadas ou presenteadas são verdadeiros cofres de memórias e tesouros. Quantas avós não guardaram faqueiros inteiros para usar exclusivamente em ocasiões especiais? Quantos conjuntos de porcelana viram a luz do dia raras vezes ao longo de uma vida, para que estivessem sempre impecáveis quando fosse necessário receber com charme e sofisticação? Esse tipo de cuidado com quem está entrando na sua casa é um dos princípios mais bonitos e importantes do bem-receber, mas não é o único. Nesses objetos, habitam muitas memórias — e é nelas que deve estar o foco de um bom anfitrião. Quando um pequeno grupo de amigos, familiares e pessoas queridas está reunido em sua casa, o fundamental é que as experiências trocadas ali sejam inesquecíveis, seja falando sobre literatura, apreciando uma boa música ou mesmo compartilhando um chá especial.
É assim que se criam conexões fortes e, ao mesmo tempo, delicadas o bastante para durar uma vida toda. Deivisson Bento é concierge do Hotel Pestana, em Curitiba, e membro da exclusivíssima Union Internationale des Concierges d’Hôtels Les Clefs d’Or, associação famosa por reunir os melhores concierges dos hotéis mais conceituados do mundo – e também por ter sido representada no indicado ao Oscar O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson. Toda a expertise adquirida ao longo de sua carreira deu a ele uma lição valiosa. “Quando você é o anfitrião, você passa a ser responsável pelas pessoas que está recebendo e também pelas necessidades dessas pessoas.” Isso significa, também, antecipar vontades e permitir que seus convidados sintam-se como se estivessem em suas próprias casas, ao mesmo tempo em que percebem sutilmente que tudo ali foi pensado para criar uma vivência singular. “É legal usar uma louça que você talvez nunca mais tinha usado, trazer mais para o lado intimista — de repente, substituir a cake da delicatessen por aquela sobremesa delicada, feita em casa, que é toda trabalhada com suspiros”, pontua Soares. Ele lembra que, quando se trata de eventos íntimos, não é preciso que tudo seja perfeitamente alinhado. “Para ser um bom anfitrião, o primeiro passo é ter a ousadia de não ser perfeitinho. Pensar ‘eu gosto de receber, de ter meus amigos em casa, e não me importo de mostrar algumas falhas’. O bom anfitrião não tem medo de ter falhas, porque o maior luxo é estarmos juntos.”
A ARTE PARA O PRÓPRIO ARTISTA
Dos tempos das recepções nos salões para a hospitalidade contemporânea, houve um salto de tendências, estilo de vida e, claro, tempo disponível para se dedicar a esses eventos. No século XXI, receber bem também depende das facilidades que estão à disposição. E quem ama receber sabe também reconhecer o valor de ser bem recebido. Por isso, o AGE360 encontrou uma forma de oferecer novas possibilidades de exercitar a hospitalidade para si e para os outros no condomínio.
Ali mesmo, em um dos andares, os mora - dores terão a seu dispor suítes projetadas para receber hóspedes exatamente como em um hotel, equipadas com quarto, armários, banheiro, cozinha e outras facilidades. Trata-se de um tipo de hospedagem sem precedentes, que propicia ao mesmo tempo a proximidade da acolhida caseira e privacidade, tanto para os visitantes quando para os moradores. “Esses apartamentos podem ser reservados e utilizados exclusivamente por convidados dos moradores. Eles combinam a hospitalidade, o cuidado e a privacidade, ao mesmo tempo que o acolhimento e a proximidade”, afirma Carolina Sass de Haro, fundadora e sócia-diretora da Mapie Consultoria, responsável pelo desenvolvimento das soluções de hospitalidade do AGE360.
Mas essa não foi a única maneira de transformar o empreendimento do ponto de vista da hospitalidade. Em um tempo em que uma série de serviços podem ser oferecidos on demand, é quase possível sentir-se um hóspede na sua própria casa. Cabeleireiro, manicure, massagista, boutiques de roupas e sapatos, joalheiros e muitas outras modalidades de negócio são, hoje, oferecidas via aplicativos e podem ser vivenciadas no conforto do lar. Por isso, alguns empreendimentos começaram a observar uma nova necessidade surgindo entre seus ocupantes: como ter essas experiências em casa sem, contudo, violar a privacidade dos ambientes em que se vive? Sobre o projeto, Carolina pondera que “hoje, a gente tem uma vida super atribulada. Então, tudo aquilo que é conveniente, prático e simples foi incorporado. A gente entende que as pessoas desejam ter uma série de conveniências, mas não necessariamente que isso aconteça no espaço privado das suas casas”.
Assim surgiram os espaços destinados a serviços on demand do AGE360. São áreas exclusivas que permitem que esses serviços sejam realizados dentro do condo - mínio sem que seja necessário entrar nas unidades habitacionais ou até mesmo circular pelas áreas internas do condomínio, o que poderia expor a segurança de todos os moradores. “A gente tem espaços para receber profissionais de saúde, de beleza, tutores, professores particulares, chefs de cozinha”, detalha. Naturalmente, para garantir que todos esses detalhes funcionem juntos, o empreendimento terá seu próprio concierge, responsável por organizar as rotinas e reservas e por oferecer ainda mais exclusividade à vida no AGE360. Para Deivisson Bento, além de administrar esses espaços, a figura do concierge poderá atuar exata - mente como faz nos grandes hotéis. “Esse profissional tem um conhecimento muito bom das pessoas que moram ali, já conhece os comportamentos e do que elas gostam, por exemplo. Então, ele vai organizar esses espaços, mas também será a melhor pessoa para indicar bons profissionais que possam atender os moradores.” Praticar a arte do bem-receber e, ao mesmo tempo, sentir-se hospedado e bem recebido estando em casa. Uma experiência 360 para quem aprecia as linhas delicadas da hospitalidade no século XXI