Andressa Gulin, médica e empreendedora é uma das sócias da AG7 Realty e traz novos conceitos para a empresa. “Está na hora de começarmos a tratar nossos lares como um investimento ao nosso bem-estar e nossa saúde, não apenas financeiro ou material”.

(Andressa Gulin)

Sou médica e costumo dizer que minha especialidade é “seres humanos”. Após a faculdade de Medicina, fiz residência em Clínica Médica no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e trabalhei por muitos anos em algumas clínicas e hospitais em Curitiba e no Rio de Janeiro. Acho que a influência da família pela veia empreendedora sempre pulsou muito forte e sempre me interessei pela parte de negócios. Durante a residência, fiz minha Pós-Graduação de Gestão de Serviços de Saúde na FAE, e entendendo que o mercado estava em um período de grandes mudanças, em 2013 comecei a estudar sobre inovação e algumas transformações da revolução digital. Em 2014, tive uma das experiências mais transformadoras da minha vida: estudei três meses na NASA participando do Global Solution Program da Singularity University. Foi um tempo onde fizemos uma imersão com empresários do mundo todo sobre as mudanças e as oportunidades que surgem com a chamada revolução digital em todos os mercados. Como médica, observava que muitas coisas poderiam mudar, mas ao conviver com empresários de diversas áreas, vi que não se trata de uma mudança de mercado, mas sim de mindset. Desde então, venho trabalhando em projetos que buscam ajudar empresas nessa transformação digital e na preparação para um novo mercado com foco muito claro nas pessoas que utilizam os seus serviços e produtos. Hoje, temos mercados que se formam e se transformam a cada momento.

Na minha família, nós crescemos com cada empreendimento realizado pelo meu pai, Alfredo Gulin, e a AG7 é fruto dessa educação. Acredito que o mercado imobiliário está no tipping point da revolução digital e muitas mudanças devem acontecer nos próximos anos com novas tecnologias e modelos de negócios, com foco no nosso usuário, seja ele um consumidor ou um investidor. O mercado imobiliário sempre fez parte do nosso DNA e agora estou mais próxima da operação da AG7 para impulsionar ainda mais a empresa a esse novo caminho.

A AG7 foi fundada com a concepção de ser muito mais do que uma incorporadora e construtora. Hoje, ela entrega a Curitiba mais do que empreendimentos imobiliários. São referências como o MANDALA e o ÍCARO, que elevam a qualidade e a funcionalidade dos produtos imobiliários da capital paranaense. E nos bastidores, o trabalho vai muito além de empilhar tijolos. Com a maestria do meu irmão, Alfredo Gulin Neto, em gerar novos negócios, trabalhando por meio da nossa filosofia L.E.D.S - Localização, Exclusividade, Design e Sustentabilidade -, os projetos aqui desenvolvidos são de vanguarda e viram marcos na história e na arquitetura da cidade. Agora, o desafio é tornar isso mais evidente para o público e para o mercado, que está ávido por novas soluções.  Do ponto de vista de gestão, pode parecer que o mercado imobiliário e o mercado da saúde são distintos, entretanto, os desafios são os mesmos no contexto da chamada revolução digital: mudanças de mindset da equipe, incorporação de novos processos e tecnologias, trabalho com foco em dados e resultados, busca por novos modelos de negócio, um intenso trabalho em equipe, muita agilidade e principalmente: entender o consumidor como um ser humano que busca facilidade, respeito e confiança no seu produto ou serviço, seja em qual área for.

Ainda é interessante ressaltar a grande influência que as áreas de saúde, arquitetura, urbanismo e construção civil exercem entre si. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a expectativa de vida de uma população, assim como a sua qualidade de vida, é influenciada pelos chamados determinantes sociais de saúde. Apenas 30% da saúde de um indivíduo é ditada pelos fatores que consideramos imutáveis como: idade, sexo e fatores genéticos. O grande responsável pela influência na saúde individual, com um índice maior de 70%, é o ambiente em que vivemos, as condições de moradia, o ambiente de trabalho, a educação, a alimentação, a qualidade da água e de esgoto e o acesso aos serviços de saúde. E se queremos fazer parte de uma sociedade que vive mais e melhor, precisamos construir ambientes que permitam que essas condições sejam favoráveis.

Fica mais fácil entender isso se olharmos para um cenário antigo, como o da revolução industrial, por exemplo, em que as fábricas eram construídas, inicialmente, como barracões fechados, que proporcionavam um ambiente insalubre e propício para a disseminação de doenças, causando a morte de muitos operários. Para manter a equipe viva e trabalhando, as empresas tiveram que se adaptar a novas regras de trabalho e modificar a arquitetura desses barracões, incluindo janelas, ventilação, iluminação, controle de qualidade de água, proporcionando um meio mais saudável para os operários que passavam grande parte do tempo dentro desse ambiente.

Se olharmos o cenário no início do século XIX, cerca de 75% das pessoas adoeciam por moléstias infecciosas como cólera, tuberculose e hanseníase. A grande aglomeração de pessoas em centros urbanos e comerciais era um dos fatores que facilitavam a transmissão dessas doenças.  Em Nova Iorque, esse determinante de saúde era evidente, pois tratava-se de uma pequena ilha com uma enorme concentração populacional. Uma das soluções propostas foi a construção do metrô, criado para permitir que pessoas pudessem morar com mais espaço fora da zona comercial, e ainda assim pudessem ter acesso aos centros comerciais para exercer seu trabalho. Esse é um exemplo sobre como a saúde é um driver do planejamento urbano em diversos aspectos.

Hoje, o contexto da saúde mudou. Com o tratamento de água e esgoto, a redução de grandes aglomerados como cortiços, a descoberta do antibiótico e da vacinação; as doenças infecciosas já não são a principal causa de óbito no Brasil. Atualmente, as doenças crônicas como Hipertensão, Diabetes, Doença Pulmonar e Câncer são as grandes vilãs da sociedade moderna, devido ao sedentarismo, má alimentação e ao tabagismo. A saúde virou vítima dos ambientes construídos para a agilidade do mundo contemporâneo, com cidades planejadas para carros, alimentos condimentados para um mundo sem tempo, vícios socialmente estimulados e uma desconexão social dos hiperconectados. Não há dúvidas que para viver melhor nos dias de hoje, precisamos novamente adaptar nossos ambientes para estimular um estilo de vida mais saudável, inserindo qualidade de vida no dia a dia das pessoas.

Talvez nem a própria comunidade médica tenha se adaptado a essa nova demanda da sociedade, que entende saúde como muito mais do que diagnósticos e tratamentos. O bem-estar e o estilo de vida equilibrado se tornou um dos grandes status luxo e pertencimento da sociedade contemporânea. As pessoas estão cada vez mais focadas em coisas que fazem bem para o corpo, mente e espírito, buscando um consumo consciente, saudável e sustentável. Esse novo comportamento transforma a relação das pessoas com o meio onde vivem e a forma de consumo.

O que é interessante é que esse papo não é mais sobre saúde pública e de responsabilidade exclusiva de governantes. Wellness Real Estate é uma indústria que nasceu a pouco tempo, e reconhece os desafios e impactos dos ambientes na saúde do indivíduo e coloca o bem-estar das pessoas no centro da concepção, design, criação e replanejamento dos lares e bairros. Ao considerar os pilares do bem-estar como fundamento para a concepção de espaços, soluções arquitetônicas surgem para impactar de forma positiva na qualidade do sono, respeitam o ciclo circadiano para reduzir a estimulação de hormônios que levam ao stress, como o cortisol, estimulam o contato com a natureza e criam ambientes propícios para um estilo de vida saudável. Se passamos grande parte do nosso tempo nos ambientes de trabalho e em casa, está na hora de começar a tratar os nossos lares como um investimento ao nosso bem-estar e na nossa saúde, e não apenas financeiro.

Os imóveis de luxo ditam tendências nesse quesito e os conceitos de sustentabilidade dos prédios verdes já contemplam alguns itens como eficiência energética, conforto acústico e térmico e a reutilização de materiais que reduzem o impacto no meio ambiente e entregam ambientes mais saudáveis para quem o utiliza. A boa arquitetura traz saúde e o crescimento desse setor vai impactar o mercado de real estate, wellness e saúde de uma forma que ainda não conhecíamos. Estou feliz em mergulhar nesse novo desafio na AG7, e em breve teremos novidades!

Eu acredito que a melhor forma de prever o futuro, é criá-lo. Aqui na AG7, nosso propósito é entregar projetos que transformam a forma como as pessoas vivem no mundo. E hoje consigo realizar um sonho de construir de verdade um mundo melhor e mais saudável.